quinta-feira, 29 de março de 2012

O CENTENÁRIO MANOEL DE OLIVEIRA.


O português nascido em uma família burguesa, descobriu o cinema após ter uma vida muito boemia. Já foi da guarda da Galiza, foi piloto automobilístico, estudou em colégio de jesuítas, foi atleta e em fim cineasta.  Pouco depois conheceu o cineasta italiano Rino Lupo que fundou a escola de atores no Porto e foi um dos pioneiros do cinema português. Motivado pelos documentários do vanguardista Walther Ruttmann, fez seu primeiro curta documentário sobre o Rio Douro (é um rio que nasce em Espanha e termina no norte de Portugal)  Douro, Faina Fluvial . Esse seria o primeiro de muitos do diretor motivado por temas etnográficos e a costa de Portugal.

Cena de O Gebo e a Sombra.
  

O diretor que é o mais velho realizador em atividade do mundo, com 103 anos, acaba de terminar mais um projeto. O filme, O Gebo e a Sombra, uma comédia dramática, inspirada numa peça homônima de Raul Brandão de 1923. A hitória é adequada à crise que hoje atormenta a Europa, revelando a perda de valores das sociedades. A história gira em torno de Gebo, um veterano cobrador que esconde de sua mulher, Doroteia, que está sendo vítima da ganância de seu filho, João. Ao esconder roubos cometidos pelo filho, Gebo acaba na cadeia, onde é convencido de que a honestidade e a ética são vistos como valores relativos no mundo de hoje. O diretor afirma que não pensa em aponsentadoria e revela que tem muito interesse de adaptar obras de Machado de Assis para as telonas e cita Fernanda Montenegro e Lima Duarte para o elenco.



A primeira ficção de Manoel foi Aniki-Bodó, adaptação do conto Os Meninos Milionários de Rodrigues de Freitas, que retratava a dura infância de meninos no ambiente neo-realista do Porto. O filme foi muito mal falado e mal recebida na época, só mais tarde seu trabalho seria reconhecido, por conta disso Oliveira abandonou o cinema e se dedicou aos negócios da família. Só voltaria a dirigir 14 anos depois com o filme O Pintor e a Cidade, em 1956.

Cartaz de O Acto da Primavera.
 
O Acto da Primavera marcou uma nova era no cinema português, o documentário-fixão principiou a prática da antropologia visual (estudo antropológico das artes visuais) no cinema. Outro trabalho marcante do diretor foi o documentário-fixão A Caça, que por seu diálogo foi censurada e o diretor ficou preso por dez dias.

Confira algumas cenas de A Caça de 1964:




Filmografia: (Longas-metragens)
2012 - A Igreja do Diabo
2012 - O Gebo e a Sombra
2010 - O Estranho Caso de Angélica
2009 - Singularidades de uma Rapariga Loura
2007 - Cristóvão Colombo – O Enigma
2006 - Belle Toujours
2005 - Espelho Mágico
2004 - O Quinto Império - Ontem Como Hoje
2003 - Um Filme Falado
2002 - O Princípio da Incerteza
2001 - Porto da Minha Infância
2001 - Vou para Casa
2000 - Palavra e Utopia
1999 - A Carta
1998 - Inquietude
1997 - Viagem ao Princípio do Mundo
1996 - Party
1995 - O Convento
1994 - A Caixa
1993 - Vale Abraão
1992 - O Dia do Desespero
1991 - A Divina Comédia
1990 - Non, ou a Vã Glória de Mandar
1988 - Os Canibais
1986 - O Meu Caso
1985 - Le Soulier de Satin
1981 - Francisca
1979 - Amor de Perdição (1979)
1974 - Benilde ou a Virgem Mãe
1971 - O Passado e o Presente
1963 - Acto da Primavera (docuficção)
1942 - Aniki-Bobó


 O Gebo e a Sombra (Gebo et l’ombre) foi filmado em Paris e conta com a presença de duas atrizes-ícones do cinema europeu: Jeanne Moreau (Joanna Francesa) e Claudia Cardinale. Michael Lonsdale, Ricardo Trepa, Leonor Silveira  e Michel Piccoli (A Bela da Tarde) completam o elenco.




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