Depois
de rodar e causar nos principais festivais nacionais o primeiro longa de Hilton
Lacerda, Tatuagem, chegou a fortaleza nessa quarta (13) em uma pré-estreia no
cinema do Dragão, com a presença do diretor e parte da equipe do filme.
O mês de novembro no Cinema do
Dragão do Mar começa sem se importar com o ritmo desacelerado de fim de ano.
Dividindo as duas salas com a programação do Panorama Alemão, o longa Tatuagem
recebe as boas vindas dos espectadores de Fortaleza em uma pré-estreia lotada,
esbanjando poesia e liberdade.
Tatuagem de
Hilton Lacerda é mais uma produção do recanto cinematográfico pernambucano que
ganha o país. O filme se passa em 1978, período da ditadura militar no Brasil e
período – ao olhar do diretor – em que não havia esperança da saída de tanta censura.
No meio desse cenário está Clécio (Irandhir Santos), o líder do grupo teatral anarquista
Chão de Estrelas, e o jovem soldado Fininha (Jesuíta Barbosa) vivendo uma
história de amor tênue entre repressão e liberdade. O filme foi ganhador de 3
Kikitos no Festival de Gamado, sendo um de melhor filme. Depois foi a vez do
Festival do Rio premiar o filme em cinco categorias, sedo uma de melhor ator para
Jesuíta Barbosa.
DIRETOR E ELENCO
Esse é o primeiro longa
dirigido por Hilton Lacerda, mas antes disso o diretor já era muito bem
inserido no cenário cinematográfico nacional assinando o roteiro de Amarelo Manga e Febre do Rato de Claudio Assis, Árido
Movie e o documentário Cartola – Música Para os Olhos de Lírio Ferreira, Filmefobia de Kiko Goifman e A Festa da Menina Morta de Matheus
Nastchergale.
A esquerda o grupo Chão de Estrelas e a direita o Vivencial Diversiones. Foto: Gilberto MarcelinoDivulgação. |
O diretor então montou o roteiro e em seis meses fechou a pré produção do filme. Segundo Hilton a procura por atores foi o processo mais demorado, pela história exigir atores que não tivessem problema com pudor, mas para o papel de Clécio o diretor já imaginava o ator pernambucano Irandhir Santos, que interpretou mais de um personagem no filme por ser o líder do Chão de Estrelas e encenar vários papeis nas apresentações do grupo. Já a participação de Jesuíta Barbosa foi agregada pelo diretor pela desenvoltura do ator com a câmera e a sua desenvoltura com o personagem - “A câmera gosta dele, é impressionante” – comenta Hilton.
O FILME
Tatuagem coloca
em primeiro plano o desprendimento de todas as regras superficiais que regem
tanta coisa e atrapalham o curso natural da vida. O filme não tem nenhum receio
de mostrar o que aquelas pessoas querem fazer, seja sexo, amor, família,
amigos, chacota ou bacanal, o lema é ser livre até ser preso apenas por si
mesmo. Totalmente compromissado com as diferenças de liberdade de 1978 que
dialoga perfeitamente com o tempo atual, o longa mostra toda a conduta renegada
e marginalizada pelas classes em tom de uma grande piada a bordo de uma
comunhão de afetos contrastando toda bagunça com a poesia sutil, quase ingênua,
dos personagens.
Assim como Hilton Lacerda o
filme é muito descontraído e verdadeiramente leve, sem contar com o riquíssimo
elenco que tornou a história um grande cabaré de esquina regado a cerveja e
cachaça. A fotografia e as cores do filme tornam tudo ainda mais teatral, há
momentos em que o filtro todo ruído ambienta ainda mais a época em que acontece
a história. O figurino e a produção dos espetáculos do grupo Chão de Estrelas utilizando
materiais vagabundos de papelão e transformando tudo em cores e trajes
impecáveis é de se contemplar. Outro grande pilar do filme que no embala hipnotiza
é a trilha sonora embargada de sentimentos e poesia, confira o clip de “Volta", letra e música de
Johnny Hooker, encenando o musico e o ator do filme Irandhir Santos como prévia:
Fica a dica do Diretor Fantasma para um programa libertino sem ter vergonha de ser feliz:
TATUAGEM
CINEMA
DO DRAGÃO DO MAR
SESSÃO:
Sala 1 - 16h, 18h10 e 20h20 (com exceção do dia 20/11, quando não haverá o
terceiro horário).
MEIA:
R$ 6,00
INTEIRA:
R$ 12,00
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