No
quarto dia do Festival Ibero-Americano Cine Ceará (segunda 05), o Diretor Fantasma
teve a grande honra de conversar com um dos mais importantes diretores
do cinema brasileiro responsável pela disseminação de temas tratados em
favelas, pelo mundo a fora. Fernando Meirelles está em Fortaleza e
participou de um debate sobre os dez anos de “Cidade de Deus”, com a divulgação do documentário "Cidade de Deus-10 Anos Depois" que mostra a vida atual das pessoas que participaram do filme considerado a obra-prima do diretor. Um trabalho que rende um debate mesmo uma década depois de feito. Tudo
aconteceu na Plenária da Assembleia Legislativa com a entrada gratuita.
Confira a entrevista:
Diretor Fantasma: Para fazer Cidade de Deus não foi
nada fácil, dá para estipular pelo resultado final do filme. De todas as
dificuldades de direção cinematográfica, qual foi a mais trabalhosa de
se lidar/
Fernando Meirelles: Acho que foi juntar as 600 páginas do livro no roteiro de cento e poucas páginas e achar um elenco de atores não profissionais que dessem conta da história.
DF: Sobre o documentário “Cidade de Deus-10 Anos Depois” que mostra como está hoje a vida das pessoas que participaram do filme. Alguns continuaram morando na favela, outros trabalham como atores, ou são marceneiros, mecânicos e até mesmo entregues ao crime. Você previa todos esses “finais”.
FM: Sim. É interessante esse documentário porque é um retrato do Brasil, é um resultado do que aconteceu com aquela molecada da periferia do Rio dez anos depois. Claro que alguns garotos não sabiam o que poderia acontecer com eles participando do filme, e ainda sim deram certo, foram surpresas boas. Assim como tinha garotos muito complicados que sabia que não ia acabar bem, até tentamos ajudar no caminho. Mas é incrível que dá para saber se o cara vai ou não dar certo só no olho.
Fernando Meirelles: Acho que foi juntar as 600 páginas do livro no roteiro de cento e poucas páginas e achar um elenco de atores não profissionais que dessem conta da história.
DF: Sobre o documentário “Cidade de Deus-10 Anos Depois” que mostra como está hoje a vida das pessoas que participaram do filme. Alguns continuaram morando na favela, outros trabalham como atores, ou são marceneiros, mecânicos e até mesmo entregues ao crime. Você previa todos esses “finais”.
FM: Sim. É interessante esse documentário porque é um retrato do Brasil, é um resultado do que aconteceu com aquela molecada da periferia do Rio dez anos depois. Claro que alguns garotos não sabiam o que poderia acontecer com eles participando do filme, e ainda sim deram certo, foram surpresas boas. Assim como tinha garotos muito complicados que sabia que não ia acabar bem, até tentamos ajudar no caminho. Mas é incrível que dá para saber se o cara vai ou não dar certo só no olho.
DF: Cidade de Deus tratou de um tema muito delicado e
mais que real para o Brasil naquela época. Depois do sucesso, várias
produções seguiram o mesmo tema do filme, trataram sobre o cotidiano nas
favelas. “Tropa de Elite” é um resquício desse tema. Você acha que
depois de um tempo, falar de favela, virou moda nas produções?
DF: Depois de ser produtor do filme Xingu e sofrer com a baixa bilheteria você afirmou que desistiu de iniciar o roteiro baseado na obra Grande Sertão Veredas para seu próximo filme, mas desistiu por conta do desinteresse do público, afirmando que para a língua portuguesa, por enquanto, não fará filmes. Haveria então agora algum projeto para a TV?
FM: Eu vou rodar um filme internacional agora em outubro, na Europa, sobre um milionário grego, Aristóteles Onassis, e estamos fazendo dois projetos na produtora, produzindo não vou dirigir. Um se chama “Contos do Edgar”, que são seis contos adaptados do escritor Edgar Allan Poe, que começa a ser gravado agora em agosto com o elenco todo brasileiro. E tem um programa chamado 360, que não tem nada há ver com o meu filme que vai ser lançado agora, e será um documentário sobre questões muito tópicas no Brasil vistas sempre de pontos diferentes. As duas produções serão para a Fox. Todos serão rodados esse ano ainda.
O filme que foi responsável
pela sua ascensão como diretor e teve uma grande parcela de contribuição para sua
carreira internacional. Depois de Cidade de Deus, Meirelles dirigiu:
“O Jardineiro
Fiel” (2005)
Filme que rendeu 3 indicações ao Oscar, sendo ganhador na
categoria de Melhor Atriz Coadjuvante para a britânica Rachel Weisz;
“Ensaio Sobre
a Cegueira” (2008)
Uma adaptação do livro homônimo do escritor português José
Saramago, com grande elenco internacional. Com Julianne Moore, Mark Ruffalo e Danny Glover.
360 (2012)
Inspirado em "La Ronde”, clássica peça de Arthur Schnitzler, 360 é uma reunião de histórias dinâmicas e modernas, passadas em diversas partes do mundo. No elenco mais uma vez a atriz britânica Rachel Weisz , o consagrado ator britânico Anthony Hopkins , o ator Jude Law , o ator americano Bem Foster e a atriz brasileira que viveu a Aline na série de mesmo nome na TV, Maria Flor, além de um grande elenco estrangeiro. O lançamento está previsto para dia 27 de agosto.
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